Esse interesse fez com que eu encontrasse, entre o dilúvio de links presentes na minha timeline do Twitter, esse saborosíssimo texto que trata a tradução literária como uma relação muito maior do que simplesmente a do tradutor e o texto traduzido. Toda tradução é, desde o princípio, uma nova tradução: o texto original é o resultado do esforço do autor de traduzir em palavras as imagens mentais que motivaram sua escritura. Dessa forma, todo autor (se for honesto) deveria admitir que o livro finalizado é menor do que o livro concedido, dada a impossibilidade de comunicar, de modo completo e perfeito, a riqueza conceitual inicialmente pretendida.
Estamos no terreno da subjetividade. Terreno cheio de ondulações, o autor do artigo reconhece que o leitor, essa parte necessária do ciclo da escritura (e ele atacará o mito do "escrever apenas para si" de modo bastante coerente) opera um outro exercício tradutório do texto que é ainda mais recheado de subjetividade e recriações. Das mesmas letras impressas duas pessoas podem criar imagens mentais de Raskólnikov radicalmente diferentes. Relativismo excessivo? Talvez assim chegue a muitos a proposta de que somos, leitores ou escritores, ao mesmo tempo criadores, tradutores e consumidores de textos.
Leia o texto: http://www.nytimes.com/2010/10/03/opinion/03cunningham.html?_r=3&hp=&pagewanted=all
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