Um mundo ateu: obedecendo a uma teleologia que mescla desenvolvimento econômico e esclarecimento sobre questões existenciais, o futuro pertencerá aos homens livres de deus. Pelo menos, assim será segundo o estudo divulgado pela Folha na semana passada: http://f5.folha.uol.com.br/estranho/957024-estudo-diz-que-ateismo-vai-tomar-lugar-das-religioes.shtml
Os dados são esses: a Suécia, paraíso do bem-estar social, com seu seguro-desemprego vitalício e chances reais de todos terem uma “boa” vida, tem alto percentual de ateísmo (64% da população assim se declara no gélido país escandinavo). Já a África sub-saariana, uma das regiões mais miseráveis do mundo, o percentual de ateus nem chega a 1%. De acordo com essa pesquisa (a ser divulgada em finais de agosto, integralmente) o que explica as diferenças imensas de percentual são as comodidades que o dinheiro introduz na vida das pessoas. Quanto maior segurança para lidar com os problemas terrenos, menos interesse por qualquer tipo de transcendência.
As conclusões desse estudo me fizeram voltar no tempo, revendo os passos dados até aqui.
Durante largos anos, me assumi como ateu. Criado no seio de uma família (intensamente) católica apostólica romana, fiz catecismo, crisma e participei de forma bastante ativa da Igreja da infância até inícios da adolescência. Como muitos, o rock me jogou na via da contestação e do livre pensamento, fazendo quebrar com as velhas crenças e investir em um ateísmos alimentado por leituras de Sebastien Faure, Sade (ateísmo e putaria, que combinação deliciosa), Bakunin e Nietzsche. Claro que, ao lado disso, audições de Sarcófago, Impaled Nazarene, Rot e outras barbaridades musicais me fizeram tornar o ateísmo uma causa, um motivo para rir dos crentes e promover situações desagradáveis com os evangélicos que batiam na porta da minha casa, nas manhãs de sábado.
Ah, a juventude satânica! Como era incrivelmente divertido ostentar cruzes invertidas, andar com camisetas cheias de demônios, ter um pôster do Baphomet no quarto! Tomando Satanás como símbolo da revolta, mas sem adorá-lo como o vulgo adorava ao Nazareno, o ateísmo provocativo daqueles dias desempenhava o papel de combustível para alimentar um projeto de vida: com a morte de Deus, era necessário repensar cada milímetro da existência - a forma de amar aos demais, de me relacionar no seio familiar, de como responder às datas comemorativas, etc. A revolta metafísica era também desenvolvida de forma muito concreta, e não meramente especulativa. A aventura de viver no vácuo da destruição do reino divino – naquele momento um monte de bobagens quiméricas, utilizadas por milênios para a subjugação dos povos – era deliciosamente experimentada, e posso dizer que por muito tempo toda e qualquer referência a temas sobre espiritualidade chegavam até mim como manifestações da mais porca covardia.
Ainda tenho em mim toda essa carga de repulsa por manifestações religiosas de massa. Quando vejo, por exemplo, multidões se acotovelando na Marcha para Jesus, cujo objetivo político ficou mais do que claro em sua última edição, a vontade que tenho é de sobrevoar a Praça Campo de Bagatelle jogando napalm. Mirando mais nos efeitos do que nas causas, esse ímpeto de destruição é ainda uma reminiscência da antiga revolta satânico-metafísica (que não nego nem ridicularizo, afinal um homem é produto do Tempo e, principalmente, do que foi em seus primórdios juvenis). Porém, para mim é claro que essa loucura religiosa que movimenta milhões pelo mundo tem seus líderes, que nada mais são que os motores a fazer as engrenagens do fanatismo girar. Esses senhores, sim, merecem perecer os rigores de uma nova Bastilha. Porém, nunca deixo de pensar que mesmo esses senhores sendo mais “culpados” (de acordo com meus critérios condenáveis do que é justo ou injusto), nem por isso os seus seguidores-zumbis merecem clemência: são justamente os mais açoitados pelo chicote aqueles que melhor saberão empunhá-lo. Edir Macedo deve ter sido um homem puro, de coração reto, temente a Deus, em seus inícios – até perceber que a fé poderia ser usada para fins infinitamente mais interessantes como automóveis, mulheres, iates.
Esse ódio quase primal pela fé catártica que explode nas manifestações religiosas de massa é o que ainda subsiste de meu extinto ateísmo. Já há muitos anos que não consigo me considerar um ateu. Ao mesmo tempo, é impossível simplesmente fechar os olhos e rezar. Ou mesmo acreditar em algo que tenha um nome, como Cristo, São Paulo ou Krishna. Contraditório em excesso aceitar que não se é mais um descrente e, ao mesmo tempo, quase que incapacitado a acreditar.
O nível de descrença foi, paulatinamente, decaindo ao longo dos anos. Devo muito disso ao interesse prematuro – desde a primeira infância – pelo assunto religião. Ler a Bíblia era algo comum em casa, assim como revistas de cunho religioso. Ao mesmo tempo, publicações sobre esoterismo, parapsicologia, Ufologia e crenças orientais estavam sempre ao alcance dos olhos (meu pai, o herege familiar, sempre teve uma queda por assuntos fantásticos, embora de modo bastante reservado, talvez em respeito a minha mãe e a toda a tradição católica familiar). De tais textos me afastei, impelido por um radical materialismo ateu, acima explanado.
Contudo, a aridez desse materialismo foi aos poucos alcançando um patamar desinteressante. A exacerbação da racionalidade e do materialismo, conduzida a níveis militantes, converteu-se, como é comum, em uma réplica piorada do que pretendia ser a antíteses – e então vi que muito do que eu admirava no ateísmo, em alguns escritores radicalmente ateus, era nada mais do que o mesmo fanatismo dos crentes, mas com roupagens pretensamente sofisticadas. O deus cristão dando lugar ao deusdeus, tornam-se tão dogmáticos quanto um pastor evangélico na defesa de sua onipotente verdade. Talebans do materialismo ateu, colocam a Razão - assim mesmo, com iniciais em caixa alta - em seu altar de culto e incensando a divindade com fervor.
Paul Veyne, no excelente Quando o nosso mundo se tornou cristão, propõe algo que ajuda a explicar o porquê do ateísmo, muitas vezes, se tornar tão repulsivo quanto a crença mais fanática: não é o fato de uma crença ser poli ou monoteísta que a torna intolerante, mas sim o seu imperialismo. No nascimento da religião cristã, havia uma profusão de outros credos. Templos a Ísis, Mitra, Júpiter e inúmeras outras divindadade existiam por todo o Império Romano. Nesse cenário, era óbvio que diferentes cidades, e diferentes pessoas dentro dessas cidades, tivessem seu deus predileto. Um morador de uma cidade mais ao Oriente do Império, por exemplo, poderia ter a preferência de adoração por Ísis. Em Roma, um dos deuses mais populares era, previsivelmente, Júpiter. Quando muito, um morador das fronteiras do Império poderia dizer a um patrício que “o meu deus é melhor do que o seu”. Ambos, porém, ainda continuavam com o mesmo estatuto de serem deuses válidos. O salto qualitativo do judeo-cristianismo foi mudar a forma de tratar os deuses do outro: já não diz mais que um deus é melhor, mas sim “o meu Deus é o verdadeiro, e o seu é apenas uma estátua, uma mentira”. Entrava no cenário uma forma substancialmente diferente de tratar a crença alheia, não apenas mais como diferente, mas como algo ilusório, e que deveria como tal ser combatido pelo artifício da conversão.
O caráter combativo de certo ateísmo materialista pode atingir esse mesmo nível imperial: ao crente resta abdicar de suas fantasias nojentas para adentrar o "verdadeiro caminho", que é o da descrença. Convicto de que sua visão como que salva o mundo da ignorância em que está imerso, o materialista ateu em sua fase imperial experimenta "a passagem da febre para a epilepsia" - o ponto crítico e genocida que Cioran detectou como sendo o núcleo comum de toda idéia que pretende, de algum modo, melhorar a vida dos homens.
O curioso no materialismo ateu é o seu apego irrestrito ao mundo material. Vítimas das superstições metafísicas, os homens deveriam, na visão do materialista ateu, abdicar das fantasias e tolices próprias das religiões e aceitar, de um vez por todas, que só existe a Razão e a matéria. A premissa de tal crítica (os homens inseridos em um ambiente de crenças e superstições) está mal colocada pois, hoje em dia, é exatamente isso o que temos: nenhuma noção de espiritualidade, nenhuma real devoção, nenhuma busca pelo transcendente. A religião evangélica, que é a que mais cresce em número de fiéis, tem em seu embasamento “espiritual" um corpo de idéias que atende pelo nome de Teologia da Prosperidade, cuja idéia central afirma que a prosperidade financeira é resultado da fidelidade a Deus. A “fé” dessa corja nada mais é que um amontoado de regras morais, uma anestesia para lhes garantir um conforto enquanto, como todas as outras pessoas, desfrutam de todos os prazeres e comodidades que o dinheiro pode oferecer. Ou antes disso: é uma anestesia para poder ganhar e acumular muito dinheiro (ou tentar fazê-lo) sem o mínimo de preocupação. Na prática, o que essa teologia autoriza é, de forma absolutamente contraditória, a manifestação desavergonhada e ostensiva do Pecado em suas mais diabólicas materializações.
A esbórnia, o sexo desenfreado, a vaidade, o mergulhar terrível no mundo do consumo de roupas novas, de carros, de celulares e de qualquer outra imundície desnecessária, a banalização da vida ao transformar a existência em uma corrida para colecionar coisas, pessoas, noites de sexo e fotos para preencher um vazio que não tem sequer nome: cada vez mais me convenço de que um verdadeiro crente, hoje em dia, só poderia se manter livre do pecado se abdicasse total, radical e imediatamente a qualquer contato com o mundo exterior. Viver em contato com o mundo é, hoje, o passaporte para o Inferno.
Um mundo ateu é, exatamente, o mundo que vivemos hoje, embora a maioria das pessoas assim não se intitule. O que vemos é, se o leitor me permitir a analogia, o efeito da primeira lei de Newton nos atos humanos, que diz que um corpo em movimento permanece em movimento por um determinado período, mesmo após a ausência da força que o impeliu a isso. Como na pesquisa divulgada pela Folha, a tendência a mais pessoas se assumirem como atéias é mera questão de tempo, quando os efeitos da tradição cristã ocidental se deteriorar ainda mais.
Contudo, é importante pensar: que tipo de homens serão produzidos em um universo longe da possibilidade de transcendência? Da mesma forma que o imperialismo de um credo, tal como o Cristianismo, produziu oceanos de sangue e festins de matança ao longo dos últimos dois milênios (e continua, ainda hoje, a instigar seus novos tribunos da Inquisição), um mundo ateu me parece um espetáculo horripilante. Seria um mundo embasado em uma certeza, a certeza de que estamos sem nada, sem ninguém, sem nenhuma mágica nos espreitando. Seria, tal como imagino, um mundo muito parecido com o de hoje, com a diferença de que o espetáculo materialista seria o único a ser visto e talvez muito parecido com essa descrição de Henrich Zimmer:
"Não fundamentamos nossas existências em fascinantes ou consoladoras interpretações globais da vida e do Universo, seguindo linhas como as da teologia tradicional ou as da abstração meditativa; preferimos as questões minuciosas de nossas inúmeras ciências sistemáticas. Ao invés de uma atitude de aceitação, resignação e contemplação, cultivamos uma vida de incessante movimento provocando mudanças a cada instante, melhorando e planejando coisas, submetendo os crescimentos naturais e espontâneos do mundo a um programa. " (Filosofias da Índia, editora Palas Athena)
Sozinhos no cosmo, sem nada além que não seja aquilo que podemos tocar: talvez isso seja verdade. Sim, talvez não exista absolutamente nada quando enfim fecharmos os olhos e as pás de terra encerrarem o nosso destino, no humus que consumirá a carne de nossos ossos. Talvez o Deus de todos os credos, que já assumiu formas diversas e nomes infinitos (as mil máscaras de Deus, segundo Campbell) talvez esse deus seja algo completamente diferente de tudo o que os homens, em sua cósmica ingnorância, já conseguiram explicar. Talvez ele esteja de costas para esse mundo, criado como um capricho, como um simples passatempo na tediosa Eternidade que ele deve suportar. Talvez (e é bem provável) que ele sequer se lembre de nós.
Não importa nada disso: o que me parece imprescindível é não aplaudir a promessa de um mundo ateu. Unidimensional, orgulhosamente fundado nos "dados concretos", bradando a plenos pulmões o fim das superstições, o nascimento de um mundo ateu seria o ápice da fase imperial da Razão e o coroamento do processo que vemos, em acelerado desenvolvimento, nos dias de hoje - um mundo onde a existência vai paulatinamente se livrando de qualquer transcendência e abraçando um materialismo estupidificante, que se espalha como uma peste através do acúmulo de coisas, pessoas e sensações.
De todo seu texto, alguns pontos me chamam atenção. Na maior parte dele, o que me parece, é somente um "testumnho" do que fora seu ateísmo, em outras partes, você se refere muito ao ateísmo, como sendo materialista. Acho que nesse ponto eu poderia dizer algumas coisas mas antes, irei comentar brevemente sobre uma questão que você coloca no final.
ResponderExcluir"um mundo ateu me parece um espetáculo horripilante. Seria um mundo embasado em uma certeza, a certeza de que estamos sem nada, sem ninguém, sem nenhuma mágica nos espreitando"
Nessa parte me pareceu dois problemas, o primeiro que seria as "certezas" e um segundo que seria esse espantalho que se cria ao ateísmo, mas no segundo não irei me alongar, pois a maior parte do que irei comentar, será baseado no que penso e nao acredito ser muito proveitoso aqui.
A primeira parte seria essa questão de "certezas". Você como eu, deve saber que esse é um grande problema para um estudante ou até mesmo um curioso em filosofia (como eu sou) e acredito que certeza, é algo bem criticado na filosofia. O ceticismo seria o ramo mais ligado a isso. Diria que se temos alguma certeza, essa certeza seria que não temos certeza nenhuma. Visto que a cada dia, novos e novos eventos comprovam isso e a ciência em sua busca por resposta, se vê obrigada a dar alguma resposta para os curiosos. Pois isso creio, que numa sociedade que seja mais esclarecida em alguns assuntos, "Certezas" será o que ela não mais terão.
Agora em relação ao "Materialismo" comentei contigo que era um termo, que acredito, que mais nenhum ateu usa, a não ser que seja alguém que não estivesse em dia com o que a física ou outra ciência, no momento considera como existente.
Procurei algumas respostas de um professor em que ele comenta sobre essa questão. Irie colocar aqui o que ele comenta a respeito, visto que é o mesmo que eu penso e também, por estar bem mais compreensível a sua resposta.
"és materialista?
Sou fisicalista ou naturalista, que significa que considero que não existe nenhuma realidade sobrenatural, como espíritos, anjos, demônios, almas, deuses e outras do tipo. A palavra materialista está desatualizada, pois a natureza não é feita só de matéria, mas também de campos de interações, de radiações, do espaço, do tempo, das estruturas, das ocorrências e de suas dinâmicas, que são naturais e não apenas materiais. Considero, também, a existência de entidades não naturais que sejam abstrações, isto é, cuja existência só se dá no interior das mentes que as concebam, e na coletividade de mentes, como as normas, os valores e as idéias conceituais em geral. Isto inclui estruturas não naturais, como a sociedade e suas instituições (empresas, religiões, governos, clubes etc). São diferentes categorias de realidades. O que não considero existente é a realidade dita sobrenatural."
Fonte: http://wolfedler.blogspot.com/2011/06/es-materialista.html
Bom, é isso
Forte Abraço
Thiago C
Bravo!
ResponderExcluirÓtimo texto!
Muito bom o texto.
ResponderExcluirAssim como você, já fui Católica e hoje me considero ateia. Para mim, ser ateu é também uma questão de espírito. Acreditar que não existe nada, também é uma forma de acreditar em alguma coisa. Cada um que siga a vida como achar melhor. O mundo não vai ser melhor ateu ou cristão, mas será melhor com todos eles, cada um na sua.
Thiago,
ResponderExcluirSeja materialista, seja fisiologista, justamente considerar que não existe nenhuma realidade sobrenatural é o ponto de minha divergência com vocês ateus. Como tentei explicar, prefiro a incerteza, e uma mera questão conceitual, diferenciando materialista do fisiologista, é detalhe. Ao aplicar o termo materialista quis, exatamente, expressar o que você exemplificou como fisiologista.
O texto não tinha, aliás, a pretensão de fazer uma discussão filosófica do ateísmo. Parti de uma matéria menor, uma notícia de jornal qualquer, que apresentava uma pesquisa sobre a possibilidade de um mundo ateu no futuro.
A transcendência e a busca por explicações sobrenaturais é algo presente em todas as culturas, desde há milênios. Mitologias e expressões artísticas notáveis nasceram dessa presença do "além" na cultura. Observo com fascinação tudo isso: deuses e suas sagas, templos construídos em lugares inacessíveis, homens que desistem de tudo para um mergulho em uma interioridade radical. Sem esse apelo transcendente -completamente inexistente nos dias de hoje, nesses dias de religiões que fazem cultos em boates na Augusta- vejo que perdemos uma parte interessantíssima da história dos homens.
Leandro,
ResponderExcluirAcredito que pela tonalidade de como foi expressada na resposta, onde estava falando sobre o materialismo e o FISICALISMO, você deve ter interpratado um certo "dogmatismo" na consideração de que existe apenas o mundo fisicalista, sem esse lado sobrenatural, que seria o ponto crucial do ateísmo, mas devo adiantar que não é bem assim, isso estou dizendo por mim.
Parece tentador esse lado *mágico*, a transcedência, o sobrenatural, essa busca interior - o que me faz lembrar de buscar conhecer mais o budismo - mas o meu ateísmo, estaria suportado pela falta de evidências que comprovam esse lado sobrenatural, mas não é pela falta de evidências que me faz afirmar que não existir, apenas considero ser insignificante para poder responder questões que de forma natural eu as consigo responder, ou pelo menos chegar numa resposta bem mais suportada.
"Observo com fascinação tudo isso: deuses e suas sagas, templos construídos em lugares inacessíveis, homens que desistem de tudo para um mergulho em uma interioridade radical."
Assim como você, também acho fascinante, deuses gregos, egípcios e tudo mais, templos construídos, grandes arquiteturas, igrejas góticas, barrocas e tudo mais, me fascina, não sei se igualmente a você, mas isso me fascina bastante.
Aos homens que dedicam sua vida a reflexão, mas buscam isso com sinceridade e por livre e expontânea vontade, não admiro quando isso se torna forçado, obrigado, como é com muitas crianças, mas enfim, dessa fascinação eu também compartilho.
Mas não é por esse fascínio, que irá me levar a crer na existência desse lado sobrenatural.
"mas o meu ateísmo, estaria suportado pela falta de evidências que comprovam esse lado sobrenatural, mas não é pela falta de evidências que me faz afirmar que não existir, apenas considero ser insignificante para poder responder questões que de forma natural eu as consigo responder, ou pelo menos chegar numa resposta bem mais suportada."
ResponderExcluirEvidências de existência ou não existência de deuses: estamos no 50/50 e nesse ponto, nessa exigência de evidências, é que o ateísmo se torna tão dogmático quanto qualquer outra religião.
Evidências do divino existem tantas quantas ausências de evidência os ateus atestam existir. Da mesma forma que um crente pode atribuir a enormidade do universo a seu deus, um ateu atribui a uma série de casualidades racional e cientificamente comprováveis. É discurso apenas, de ambos os lados, e nenhum lado é crível o tempo todo.
E acreditar baseado em evidências é crer de forma racional. É essa a esterelidade que vejo no ateísmo: inverte a polaridade do fanatismo religioso por um de outra qualidade. Tipo, o que falta evidências ou provas, logo não aceito como real. Sinceramente, não consigo (mais) ver as coisas desse modo.
Acreditar no transcendente independente de evidências, de provas, etc. Por isso o argumento ateu contra deus é falho. O crente não precisa de prova alguma: ele simplesmente acredita, e isso é o bastante. Em muitos outros campos da vida ocorrem eventos que faltam evidências: às vezes nos apaixonamos por pessoas de forma completamente aleatória, ou simplesmente detestamos algum outro sem causa aparente.
Por isso evidências, provas, argumentos racionais contra a existência de deus, etc estão mal colocados. As pessoas se movem pelo mundo por uma infinidade de outras forças e influências, e não é possível querer que apenas "respostas bem suportadas" nos guiem. Às vezes, elas não existem, ou nem são importantes. Em suma: abraço o Mistério e todas as suas conseqüências.
Leandro,
ResponderExcluirCreio ter compreendido o seu pensamento ao ateísmo e essa questão do dogmatismo.
Mas veja um exemplo, não creio ser dogmático a existência da lua. Pois você não precisa ter uma crença, para que de fato a lua exista. A questão da existência da Lua, independe de crença ou não-crença, visto que ela é suportado por evidência, sendo assim não creio ser dogmático quando você olha para cima numa noite qualquer, e veja a lua.
Analogo a esse caso, poderia dizer que o Ateísmo estaria no mesmo barco. Pra um ateu, não é questão de Crer ou Não-Crer na existência de Deus, pois essa Não-Crença parece denotar uma certa teimosia ao ateu, pois aparenta que Deus de fato existe e que o ateu, por teimosia, nao crê na existência dEle.
A questão do Ateísmo antecede a fatores de crença, uma singela prova que de fato ele exista, não vejo o por quê de haver crença, sendo que Ele exista.
Algo citado por ti
"Da mesma forma que um crente pode atribuir a enormidade do universo a seu deus, um ateu atribui a uma série de casualidades racional e cientificamente comprováveis."
Veja a dualidade na visão do crente e na visão do ateu. Enquanto o ateu, por meios de comprovações ciéntificas, alega a inexistência de Deus, o crente, tenta atribuir essa enormidade do universo à Deus, sendo que numa comprovação científica, um Deus não é necessário para explicar essa enormidade. O que ajudaria novamente a afirmar, que o ateísmo não é dogmático, quando alega a não existência de Deus.
Você mais no final, comentou sobre a falta de evidências ou provas e que logo não aceitaríamos como real. E mais pra frente você citou o amor e o ódio que, respectivamente, são sentimentos. Não creio ser um bom argumento para explicar a crença em divindades, pois se não há um cerébro, não há mente e consequentemente, não há sentimento algum.
Mas veja, um questão em que eu acredito e que não se tem evidências suficientes que mostre que aquilo, realmente existe, um mundo exterior a minha mente. Eu creio que existe esse mundo exterior, só que não tenho provas suficientes para dizer com toda razão que isso existe.
Abraços
Thiago C.
Ah... bem... tô nem aí para provas ou para a ausência delas, evidências, fatos, dados cientificamente comprovados ou filosoficamente e racionalmente válidos sobre deus ou qualquer coisa assim. Isso resume em um período meu ponto de vista.
ResponderExcluir¯\_(ツ)_/¯
homenagem ao Leo
ResponderExcluirGostei muito do seu texto. É algo sobre o qual tenho pensado ultimamente. E, por acaso, acabo de ouvir essa entrevista com o músico Trey Spruance, onde, a partir dos 8 minutos, ele comenta sobre a influência de filosofias e religiões em sua arte.
ResponderExcluirhttp://soundcloud.com/theholyfilament/entrevista-trey-spruance-caja?utm_source=soundcloud&utm_campaign=share&utm_medium=facebook&utm_content=http%3A%2F%2Fsoundcloud.com%2Ftheholyfilament%2Fentrevista-trey-spruance-caja
Vale ouvir (e, quem sabe, escutar algo de sua banda, Secret Chiefs 3)
Olá Guilherme, obrigado pelo comentário. Vou ouvir essa entrevista.
ResponderExcluirSaquei algumas músicas do Secret Chiefs 3. Achei bem legal! Uma pegada totalmente Oriente Médio quebradeira.