Há um restolhal, onde cai uma chuva negra.
Há uma árvore marrom;ali solitária.
Há um vento sibilante, que rodeia cabanas vazias.
Como é triste o entardecer
Passando pela aldeia
A terra órfã recolhe ainda raras espigas.
Seus olhos arregalam-se redondos e dourados no crepúsculo,
E seu colo espera o noivo divino.
Na volta
Os pastores acharam o doce corpo
Apodrecido no espinheiro.
Sou uma sombra distante de lugarejos escuros.
O silêncio de Deus
Bebi na fonte do bosque.
Na minha testa pisa metal frio
Aranhas procuram meu coração.
Há uma luz, que se apaga na minha boca.
À noite encontrei-me num pântano,
Pleno de lixo e pó das estrelas.
Na avelãzeira
Soaram de novo anjos cristalinos.
(TRAKL, Georg. De Profundis. Tradução de Claudia Cavalcanti, Iluminuras, São Paulo, 1994.)
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bela poesia.
ResponderExcluirnunca tinha ouvido falar do autor.
Eu o conheci recentemente, por indicação de uma amiga. O único livro dele, cujo nome é o mesmo da poesia que coloquei aqui - De Profundis - foi lançado pela Iluminuras em 1994. Está esgotado, infelizmente.
ResponderExcluirTão triste o entardecer. Tanto quanto o amanhecer. Ambos fim que começa.
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