Este pequeno trecho de "O Ano da Morte de Ricardo Reis", do Saramago, diz mais coisas sobre espelhos... e talvez as palavras do escritor português ajudem a aumentar a significação do espelho no conto "Sílvio". Sim, eu tenho uma fixação pelo tema, e sei que como tantas outras fixações essa não vai morrer assim tão cedo.
"O espelho, este e todos, porque sempre devolve uma aparência, está protegido contra o homem, diante dele não somos mais que estarmos, ou termos estado, como alguém que antes de partir para a guerra de mil novecentos e caatorze se admirou no uniforme que vestia, mais do que a si mesmo se olhou, sem saber que neste espelho não tornará a olhar-se, também é isto a vaidade, o que não tem duração. Assim é o espelho, suporta, mas, podendo ser, rejeita. Ricardo Reis desviou os olhos, muda de lugar, vai, rejeitador ele, ou rejeitado, virar-lhe as costas. Porventura rejeitador porque espelho também."
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