Estou afastado do blog pelo menos até o final da próxima semana. O motivo: meu computador, meu amado Dell foi para o espaço. Devido a isso, tenho que permanecer longe daqui.
Em contrapartida, não deixei de escrever. Terminei um conto na última sexta-feira e estou em processo de construção de um outro. Ambos, contudo, não pretendo publicar aqui: fazem parte de um projeto mais ambicioso, que é um livro. É uma desgraça falar de publicação de livros em um país que não lê, como Olavo Bilac já tinha dito há décadas atrás. Mas em geral eu faço coisas estúpidas, como as demais pessoas em geral, e eis que passo dias e dias escrevendo. Veja a dimensão da tortura que me imponho, e da forma mais gratuita possível.
De mais a mais, relí Borges e o novo do Crumb. O primeiro me levou para seus universos fantásticos, para sua narrativa aristocrática e atemporal, para seu estilo envolvente que dispensa comentários. O outro foi capaz de transformar o texto bíblico em algo grandiosamente visual, conferindo ao gênero da história em quadrinhos um status que -assim espero- seja reconhecido em ampla escala (ter esperanças é tolo e vão, mas continuo tendo esperanças e em geral para causas perdidas).
"Gênesis" vale também pela saborosíssimas notas de Crumb, que trazem para a superfície as camadas subterrâneas do texto bíblico e mostram o embate nele retratado: o embate entre o matriarcado e o patriarcado, que saiu vencedor e funda a religião que enformou todo o Ocidente. Abraão, Isaac e Jacó, assim, surgem não apenas como homens religioso, mas cristalizações ideais do sistema patriarcal; suas mulheres e, principalmente, suas muitas vezes atitudes estranhas surgem como resquícios de um passado patriarcal, consciente e paulatinamente apagados pela constante reescritura dos textos bíblicos ao longo dos séculos. Qual a outra forma de explicar senão como uma referência ao poder matriarcal o fato de que "mulheres estéreis" ocupem muitas páginas do Gênesis? Se eram estéreis, por que dar a elas tanta imporância? Para Crumb, isso só se explica de uma forma: estas mulheres não eram estéreis, mas sacerdotisas do antigo culto que não procriavam por opção. Eram mulheres sagradas, possuídoras de extremo prestígio nas comunidades hebréias de então. A vitória do patriarcado tratou de escamoteá-las sob o anátema da esterilidade.
Enfim, a estas discussões estúpidas me dedico. Espero que meu "computador novo" chegue logo (na verdade, o computador emprestado da namorada gentil). Hasta, chicos.
Em contrapartida, não deixei de escrever. Terminei um conto na última sexta-feira e estou em processo de construção de um outro. Ambos, contudo, não pretendo publicar aqui: fazem parte de um projeto mais ambicioso, que é um livro. É uma desgraça falar de publicação de livros em um país que não lê, como Olavo Bilac já tinha dito há décadas atrás. Mas em geral eu faço coisas estúpidas, como as demais pessoas em geral, e eis que passo dias e dias escrevendo. Veja a dimensão da tortura que me imponho, e da forma mais gratuita possível.
De mais a mais, relí Borges e o novo do Crumb. O primeiro me levou para seus universos fantásticos, para sua narrativa aristocrática e atemporal, para seu estilo envolvente que dispensa comentários. O outro foi capaz de transformar o texto bíblico em algo grandiosamente visual, conferindo ao gênero da história em quadrinhos um status que -assim espero- seja reconhecido em ampla escala (ter esperanças é tolo e vão, mas continuo tendo esperanças e em geral para causas perdidas).
"Gênesis" vale também pela saborosíssimas notas de Crumb, que trazem para a superfície as camadas subterrâneas do texto bíblico e mostram o embate nele retratado: o embate entre o matriarcado e o patriarcado, que saiu vencedor e funda a religião que enformou todo o Ocidente. Abraão, Isaac e Jacó, assim, surgem não apenas como homens religioso, mas cristalizações ideais do sistema patriarcal; suas mulheres e, principalmente, suas muitas vezes atitudes estranhas surgem como resquícios de um passado patriarcal, consciente e paulatinamente apagados pela constante reescritura dos textos bíblicos ao longo dos séculos. Qual a outra forma de explicar senão como uma referência ao poder matriarcal o fato de que "mulheres estéreis" ocupem muitas páginas do Gênesis? Se eram estéreis, por que dar a elas tanta imporância? Para Crumb, isso só se explica de uma forma: estas mulheres não eram estéreis, mas sacerdotisas do antigo culto que não procriavam por opção. Eram mulheres sagradas, possuídoras de extremo prestígio nas comunidades hebréias de então. A vitória do patriarcado tratou de escamoteá-las sob o anátema da esterilidade.
Enfim, a estas discussões estúpidas me dedico. Espero que meu "computador novo" chegue logo (na verdade, o computador emprestado da namorada gentil). Hasta, chicos.
Não desista, por mais que pareça um esforço inútil, sua obra será apreciada SIM.
ResponderExcluirTenho que concordar, é uma País que não lê infelizmente... mas não é por isto que os Olavos irão deixar de existir!
Acompanho com gosto seus escritos e gosto muito deles.
Parabéns
Olá Tatinha,
ResponderExcluirPois é, preciso concordar contigo: Olavos existirão mesmo que os níveis de leitura brasileiros sejam ainda mais baixos do que os atuais. Talvez porque o que impulsiona àqueles que gostam de escrever sintam a necessidade incontrolável de fazê-lo. E neste descontrole se satisfazem.
Obrigado pelo comentário, colocou um sorriso bobo na minha cara.
Fala, Leandro!
ResponderExcluirEu sempre fui fã das tuas palavras, desde que conheci as letras do LIAL até conhecer esse teu blog e percorrer por todas as postagens já publicadas. Será um prazer ter um livro de contos saídos dessa tua mente, digamos, bizarrinha, hehehe.
Sei que se o quisesse, teria feito no próprio post, mas ainda assim pergunto: pode dar mais detalhes sobre o livro? Nome, data da publicação, locais de venda e etc? Se prometer criar um post aqui com todas essas informações o mais breve possível, não precisará responder.
Abraço, e parabéns pela iniciativa.
Vitor,
ResponderExcluirVou divulgar como será a produção deste livro. É uma iniciativa nova que está envolvendo outras pessoas também. Como dizem nas novelas, aguardem cenas dos próximos capítulos ;-)
Abraços!
Olá, Leandro
ResponderExcluirSeria bacana se você falasse alguma coisa sobre esse seu livro.
Não desista, se você desistir aqui e outro ali, tudo perde a graça.
:)
Michelle,
ResponderExcluirAcho que terei algo mais definido após o Natal. Aí deixo um post aqui com os planos ;-)
Pode ter certeza que tem aqui mais um leitor.
ResponderExcluirVocê falou do Crumb, aí; hoje um crente veio de onde moro até o centro de Brasília (aproximadamente 1hora de ônibus) bicando meu Gênesis. Acho que ficou chocado com as cenas de sexo entre Ló e as filhotas, hahah.
Algumas das ilustrações renderiam boas punhetas. Crumb sabe como desenhar.
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