2.03.2018

Dissolve Coagula fanzine - número 1 disponível



Oficialmente lanço hoje o primeiro número do fanzine Dissolve Coagula. Com 64 páginas, ele é resultado de um trabalho iniciado em outubro de 2017 e consolida um interesse antigo em voltar a produzir fanzines impressos, algo que eu não fazia desde o início dos anos 2000, quando publiquei o último número do Reflexões de um Anticristo.

Um breve resumo sobre essa primeira edição:

VALORES
O fanzine sai por R$ 25,00 + frete. Para adquirir, você deve entrar em contato pela página do Dissolve Coagula no Facebook ou pelo e-mail archeo@riseup.net para que eu te passe os dados de depósito. Trocas e pedidos de distribuidores serão analisados.

A prováveis imbecis que vão falar que estou ganhando dinheiro com o fanzine e sendo um "sanguessuga da cena", já aviso: MORRAM.

ENTREVISTAS
Foram quatro entrevistados: Lucifer Luciferax, publicação voltada para o Caminho da Mão Esquerda editada pelo camarada Pharzhuph, é seguramente uma das publicações mais interessantes sobre o tema aqui no Brasil e com certeza figura entre as principais inspirações para a produção do fanzine; Vulturine, veteranos do black metal que estão prestes a lançar seu novo opus em março pela Drakkar Brasil, uma das bandas com mais personalidade na cena nacional; Círculo Hermético Pvtridvs Vox, grupo de cunho necro-esotérico que congrega algumas hordas nacionais profundamente conectadas com os aspectos espirituais do metal negro, tem desenvolvido atividades bastante interessantes e compromissadas; Vazio, horda paulistana com pouco mais de um ano de existência cujos integrantes, com raízes na cena punk, criaram um som que se conecta espiritualmente com a Corrente 218, fato que me chamou a atenção e motivou a entrevista. 

RESENHAS DE LIVROS
Leituras são sempre importantes para todos aqueles interessados pelos caminhos opositores da Mão Esquerda. São quatro as obras resenhadas: Cabala, Qliphoth e Magia Goética, de Thomas Karlsson; O Renascer da Magia, de Kenneth Grant; Thursakyngi, de Ekortu; A Arte dos Indomados, de Nicholaj de Mattos Frisvold; O Despertar de Cthulhu em Quadrinhos, da editora Draco. Todas as resenhas são muito particulares, não tendo nenhum objetivo de servir como guia de leituras ou uma visão definitiva e "correta" sobre tais obras. 

RESENHAS DE DISCOS
Música é algo que não passo sem ouvir um dia sequer. Meu gosto musical não se prende a apenas um estilo, mas para o fanzine eu procurei manter o material resenhado restrito a alguns estilos: black metal, power electronics, noise e dark ambient. Para o primeiro número as resenhas ficaram em sua esmagadora maioria em discos black metal, todavia isso irá mudar para os próximos números, onde os outros estilos citados terão incisivamente mais espaço. Por uma razão: são estilos onde vejo borbulhar o desejo de ir além da simples música (ou anti-música, no caso do noise), algo que aprecio fanaticamente. Também contarei com mais algumas pessoas escrevendo resenhas para os números futuros.

MATÉRIA SOBRE A ORDEM DOS NOVE ÂNGULOS (ONA)
Essa foi uma das primeiras ordens que conheci, na época onde os fóruns de discussão do Yahoo! bombavam e a Internet vivia sua infância, aquele tempo quase mítico onde nem o Orkut ainda existia. O extremismo físico de seus ordálios, sua aposta na clandestinidade e em um panteão formado por entidades longínquas e inomináveis conquistaram minha atenção, e eu li tudo o que pude a respeito da ONA ao longo dos anos. Essa matéria é uma espécie de acerto de contas com esse interesse, onde faço uma espécie de linha do tempo da Ordem dos Nove Ângulos, descrevo os tópicos de suas principais obras e a estrutura de seu sistema iniciático. As controvérsias envolvendo as ligações da Ordem com o neonazismo também são tratadas nesse texto, inclusive não se limitando a uma simples exposição de "fatos", mas sim buscando uma visão crítica a respeito do tema. 

NOISE E AFINS
Thiago Miazzo é um amigo que se dedica a produzir noise/harsh e outras (anti)musicalidades, e eu o convidei a escrever uma coluna sobre o tema, buscando abordar obras que tenham mais ou menos relação com temas mágicos/esotéricos. Nessa primeira coluna, que dá o tom de suas participações futuras, escreve um apanhado geral de diversas iniciativas, a maioria nacionais. Já tenho falado com o rapaz sobre como poderemos ampliar a discussão para os números vindouros, de modo mais amplo e radical.

FICÇÃO
São três textos. Um deles, "Nos braços de Nuit", compareceu primeiramente no fanzine "A Primeira Vez", do amigo Márcio Sno, produção que compilou textos onde homens falavam (de modo literal ou inventado) sobre suas primeiras experiências sexuais. Eu gostei muito de escrever esse texto, e pedi ao Sno permissão para inclui-lo no Dissolve, pois via nele certas conexões com o tema geral do fanzine. Adianto a eventuais curiosos que jamais confirmarei se a narrativa corresponde de fato a experiências vividas ou inventadas (e no final das contas isso realmente importa?). Outro é uma carta que escrevi a uma pessoa que gostaria, muito, de ter em meu círculo de amigos, mas que por motivos de força maior jamais terei essa possibilidade. O outro é parte de um projeto mais amplo, que será lentamente desenvolvido nas páginas do Dissolve, projeto que apenas os que tiverem olhos para ver nas entrelinhas entenderão a motivação.

CAPA E CONTRACAPA
Um dos pontos que coloquei como princípio para o Dissolve Coagula foi sempre ter artistas diferentes desenhando a arte das capas e contracapas. Mas não quero apenas contar com o talento artístico: para mim é importante que a pessoa tenha conexões verdadeiras com a espiritualidade canhota e um real interesse pela Força Opositora da Escuridão. Acredito que isso fortalecerá a egregóra que criei em torno dessa publicação. É por isso que pedi para a Paula Rueda fazer a capa dessa primeira edição. Já conhecia o trabalho dela como ilustradora e tatuadora, e eu não podia ter feito melhor escolha para essa edição inaugural do fanzine. Paula captou com perfeição o clima que eu queria dar e fez dois desenhos espetaculares, carregados de simbolismo e densidade. Sua participação também é um marco para dar a esse fanzine ainda muito masculino uma participação feminina de peso, algo que pretendo equilibrar na próxima edição com a participação de mais mulheres em suas páginas. Embora o Sinistro despreze as distinções entre os sexos como meros traços mundanos, vejo que há características energéticas e astrais típicas de cada um, e que pretendo congregar mais e mais nas páginas do Dissolve. 


ÚLTIMAS (E NECESSÁRIAS) PALAVRAS
Todo o processo de montagem foi feito 100% na base de tesoura, régua e cola. Apenas o arquivo final foi fechado em Photoshop, e sem a ajuda do Douglas Utescher da Ugra Press, comparsa em tantas presepadas ao longo dos anos, eu estaria provavelmente a esta hora ainda tentando finalizar o arquivo para enviar à gráfica. Fiquei extremamente satisfeito com o resultado final, pois conseguiu alcançar o nível que eu tinha em mente. Para os próximos números, teremos algumas alterações no esquema da diagramação, mas o compromisso de ser 100% manual está mais do que mantido. É honesto com meus interesses e gostos, além de impregnar cada centímetro da obra com uma "irreprodutibilidade técnica" que gosto muito, uma espécie de aversão em nível simbólico da produção serializada de bugigangas do capitalismo. Ao mesmo tempo, não vejo e não quero fazer desse caráter artesanal algo que tenha estatuto artístico. Foda-se isso! Nada do que é feito no Dissolve Coagula tem intenção de ser meramente arte ou entretenimento. Ele é e sempre será, sem nenhuma modéstia, a cristalização do meu desejo de criar verdadeiras Espadas de Morte, de cujas páginas que escorrerão sangue; páginas que conduzirão mentes pelos territórios inóspitos do questionamento, da dúvida e da incerteza, essas bênçãos da Escuridão; páginas de onde emanações adversárias, transformadas em textos, agirão como venenos nas consciências escravizadas pela Falsa Luz Demiúrgica e instigarão nos portadores da Chama Negra ímpetos de rebelião e ódio.


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