Esse post é a tradução do texto
“Axe is the name of mine”, do russo Alexander Dugin, onde ele propõe uma bizarra e interessantíssima interpretação metafísica do romance "Crime e castigo", de Dostoiévski.
Como é um ensaio longo, esse post se divide em três partes:
Parte 3:
Dugin é o principal intelectual do Eurasianismo, movimento surgido nos anos 1920 que clama ter a Rússia uma identidade completamente diferente da Europa Ocidental. Os eurasianistas consideram a Revolução Bolchevique como uma reação do espírito russo à sua rápida e degradante modernização, e que compete agora, aos eurasianistas de hoje, unir a grande Mãe Rússia e suas regiões de influência – Cáucaso, Irã, Georgia e, mais recentemente, Turquia – em um bloco de rejeição contra o Atlanticismo, termo geopolítico cunhado por Dugin para designar o domínio norte-americano sobre o mundo. É o Eurasianismo, segundo Dugin, uma nova revolução anti-americana, cujos aspectos são a princípio políticos e econômicos, mas também tem profundas dimensões militares, culturais e espirituais.
Não bastasse o texto de Dugin tratar de um dos meus romances prediletos, a sua interpretação metafísico-simbólica do texto é absurdamente magnífica – quer você concorde com as idéias lunáticas dele ou não. Aliás, o grande valor de Dugin está justamente na sua predisposição ao extremo, ao combate franco e aberto e, por que não dizer, a de ser o profeta-líder desse novo mundo eurasiano - pretensão que se harmoniza perfeitamente com o seu próprio semblante messiânico.
É na voz dos extremistas que muitas vezes o dínamo do motor da história se mostra mais claramente. Dugin é um dos pensadores extremos do mundo de hoje. Ouvir o que ele tem a dizer mostra que ainda há ferocidades presentes em vários lugares do globo e que a nostalgia de uma grandiosa Rússia ainda move corações e mentes que parecem estar prontos para o assassinato.
Como é um texto relativamente longo, eu o publicarei em três partes. A próxima divulgarei na terça-feira que vem, dia 22 de novembro.
Agora, o texto.