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6.14.2011

A grande ampulheta dos desencontros do Universo

E não há quem culpar a não ser o Tempo, essa divindade que tira suas forças do desencontro e da ruína de tudo. Sim, é o Tempo um deus muito severo, a tudo submete a provas, a batalhas demasiado duras e ferozes: essa é sua característica mais forte. Além disso, ele também faz com que os corações vibrem em dissonância, e se diverte com os desencontros que provoca. Não destrói nada com essas suas brincadeiras de mau gosto, mas adia a felicidade de muitos, faz promessas que não sabemos se serão cumpridas, deixa a muitos homens buscando aquelas delicadezas femininas que apenas uma mulher encarna -justamente aquela que lhe escapa, justamente aquela que, antes, tinha lhe acenado com tantas esperanças...

É uma ironia terrível a dos desencontros, e o Tempo adora provocá-las. Justamente quando um está decidido, o outro decide ir para longe, seguindo o canto de algum outro amante, que entrou na história sem ser convidado e, assim, age em sintonia com as perversas decisões temporais de não fazer dois corações se encontrarem. A decepção de um, agora experimentada pelo outro: a Lei da Compensação agindo com sua certeira e implacável justiça.

Mas há muitos que não se rendem aos caprichos desse deus tirânico que derruba de árvores a civilizações, há aqueles que preferem a loucura de não se importar se os desencontros, experimentados com tristeza, irão se repetir ou se serão definitivos. Dotados de uma inconseqüência quase fisiológica, espreitam na tranqüilidade de uma paixão ainda não realizada, aguardando o momento certo para dar livre vazão a um universo de palavras não ditas, de gestos represados, de sentimentos que só podem ganhar vida através do contato entre duas epidermes -enfim, esperam apenas um momento, apenas um instante onde o Tempo, cansado de promover tantos desencontros, possa enfim ser um deus menos injusto.

E até que isso ocorra será de música que viveremos, justamente porque música foi aquilo que fez com que essa inconseqüência me dominasse por completo...



9.23.2008

Da sutileza de certos desejos

Não sabia como tudo aquilo começara mas de repente viu-se metido dentro do bolso de uma calça. Acuava-lhe um muro feito de jeans escuro, o corpo levemente espremido em tão diminuto espaço, os desesperados bracinhos empurrando a parede-tecido, enquanto esperneava desajeitado para iniciar a escalada e descobrir do bolso de quem se tratava. Os dedinhos-grãos-de-arroz agarravam com firmeza a borda do bolso, fez força incrível, e a minúscula cabeça eleva-se lentamente daquela curiosa toca, mostrando ao mundo olhinhos medrosos que espantados miram a tudo maravilhados, aturdidos, quase lacrimando, pontinhos verdes aqueles olhos arregalados num rosto lívido-leitoso.
E via um mundo enorme de coisas enormes que se espalha sem fim para todos os lados. Carros do tamanho de caminhões, caminhões do tamanho de prédios, prédios que não cabem nas ínfimas medidas de M., que forçado por fortuitas forças passeava pela cidade naquele bolso anônimo tomado por um sentimento de confusão.
É como se agora cronópio fosse mas, disso tinha certeza, não era um personagem, e havia mil lembranças que o abasteciam com provas muitas. Era um homem, oras bolas, e não aquilo, curiosa micromutação cujas razões desconhecia. E enquanto a perplexidade perante seu novo estado atormentava-lhe o espírito, M. continuava com a cabecinha para fora do bolso, atento ao mundo enorme que com seus olhos-pontinhos via, tremendo de medo quando um novo transeunte passava perto de sua morada-prisão: desagradava-lhe a idéia de após uma desajeitada trombada, destas que na Paulista ocorrem aos montes, sucumbisse tal como inseto esmagado, a manchar com uma pasta de sangue e ossinhos partidos a calça que o carregava cativo. Era preciso sair dali, ir embora daquela cela-tecido. Curvou o pescocinho para baixo, óculopercorrendo o trajeto que no bolso começava e ia até a barra da calça. A uma altura daquelas, pular seria um suicídio. Mas ali permanecer também seria, e embora não tenhamos notícias de casos de encolhimentos súbitos como o de M., não é possível que alguém receba com simpatia um homem de cinco centímetros no bolso da calça. O previsível gesto de boas-vindas é um grito acompanhado de uma mão nervosa dando tapas naquela coisa sem nome que ali apareceu; talvez, controlando o medo inicial, o proprietário do bolso quisesse inspecionar a curiosa coisinha e ter certeza de que seus olhos não se tinham colocado em engano; traria para perto do rosto aquela criatura diminuta que se debate agitada, então capturada por dedos em pinça; ainda mais assustado o observador do que o observado, só minutos depois dessa tortura visual decidir-se-ia a fazer algo, por exemplo guardar o monstrinho em um pote para exibir aos amigos. Se fosse ainda mais vulgar, esqueceria as leituras de Debord e investiria no espetáculo, expondo o seu achado em noite bizarra no Gran Rex. Os donos da casa hábeis seriam em alimentar no público o interesse para ver a prova viva-vivíssima de que Cortázar falava sério, en esta noche el Gran Rex hará Corrientes brillar aún más con la primera presentación de catala nunca vista por ojos humanos, bailada por un auténtico cronopio Seria obrigado a sapatear e balançar o débil corpinho a noite toda, sob ameaças de um mata-moscas bem seguro nas mãos do dono do bolso, que seria seu algoz ou empresário, palavras sinônimas. Vendo por este lado, a trombada fatal com um transeunte mostra-se uma alternativa menos sofrida, bastaria um encontrão para a rápida morte, como um atropelamento de um cão por um ônibus cheio. Torna-se-ia a citada mancha de sangue e ossinhos partidos, uma meleca rubra, uma coisinha à-toa que não se sabe de onde veio, apenas está ali, sujando e sendo impertinente.
É importante o leitor saber que no momento em que olhou do alto de seu bolso-prisão, M. pode ver os pés de quem o levava clandestino consigo - pés que calçavam sapatos femininos, delicados sapatos femininos. Isso o deixou mais contente, afinal partilhar da intimidade de um bolso de mulher é mais agradável do que fazê-lo em qualquer outro bolso; ressalva apenas para a ingenuidade de M., já que o uso de sapatos femininos, nos tempos atuais, não é exatamente uma exclusividade das fêmeas. E a este pensamento estranho, o julgar-mais-agradável-um-bolso-de-mulher, deve ser creditado unicamente ao irreparável espírito conquistador de M., sempre pronto a arremessar-se em aventuras, mesmo as mais irresponsáveis, aquelas que exigem sacrifícios, longas esperas por longos invernos, cartas molhadas de lágrimas e todos os ridículos expedientes dos que insistem em amar, mesmo que abundem os exemplos a comprovar o quão ingrato tem sido o Amor com aqueles que o servem. A fuga do bolso-prisão, de repente, tornara-se um plano esquecido, antigo; a curiosidade, mãe do Progresso, mas também da Desgraça, em M. acendia um absurdo desejo; e se segundos antes queria ir embora dali, agora tencionava saber quem era aquela que o carregava consigo. E ainda apoiando-se na borda do bolso, virou o pescocinho para cima. Mas impossível definir desse modo o rosto dela: o leitor que, ao andar, mire o bolso da própria calça e imagine a visão que dali se tem. O que conseguiu apenas foi vislumbrar uns fios de cabelos dourados, um pedacinho do queixo, as sinuosas curvas dos seios que despertavam mais atenção do que qualquer cabelo ou queixo, previsíveis os homens e suas vontades, mesmo quando reduzidos a cinco centímetros. Seja como for, sentiu-se mais tranqüilo, e deixou-se ficar naquele bolso, com os olhos-pontinhos ainda mais atentos, sem temer os transeuntes, os barulhos sem fim, as portas das lojas, as árvores, o caos da cidade em suas horas luminosas. Quantas mil possibilidades de penetrar no universo secreto de uma mulher teria com aquela sua nova nano-estatura. No momento oportuno escaparia de seu cela-tecido, vasculharia as bolsas dela, aprenderia seus segredos, comeria as balas deixadas ali por precaução. Organizaria as moedas, preciosos discos de metal, e passaria muitas horas lustrando-as, magníficas seriam as moedas dela. A recompensa seria os passeios clandestinos em um bolso da calça, a comunhão secreta dos enigmas femininos, desvendados um a um por uma cautelosa invasão de privacidade, feita de artimanhas e jogos, sem tréguas. Deixaria bilhetinhos secretos, pequenos poemas de cronópio apaixonado, entre as cédulas da carteira dela. Cheia de surpresa ela sorriria, ainda sem saber o que pensar a respeito daqueles papeizinhos marotos que se multiplicavam, e ainda mais intrigada com as rosas vermelhas colocadas vez por outra nos bolsos de suas roupas preferidas.
**********
Assistiam a um filme na sala. Ela acabou dormindo sobre as coxas de M. Passeou as mãos sobre os lisos cabelos dourados dela. Com cuidado, a carregou adormecida para o quarto. Colocou-a na cama, sentando-se ao lado. Ela despertou, olhos confusos.
- O filme acabou?
- Sim. Você dormiu. Te trouxe pra cá.
Ela estendeu os braços, puxando-o lentamente para si. M. curvou-se. Ela falou baixinho:
- Por que não me acordou?
- Não quis, você dormia tão profundamente.
Beijou-lhe o rosto, bocejando sonolenta.
- Teve uma hora que você riu
- Ahn?
- Quando você dormia. Você riu. Lembra?
- Não muito bem... Sonhei com várias coisas, inclusive você.
- O que eu fazia?
- Não sei bem, mas tinha algo a ver com minha calça.
- Gosto delas, principalmente quando não estão em você.
Ela riu do gracejo cafajeste, dando-lhe um tapinha de reprovação no braço. Disse a M.:
- Se eu pudesse, te carregava sempre comigo, como um chaveiro.

8.21.2007

Desencontros


E é difícil para M. até hoje aceitar que N. já não era mais sua. É que ela era o oásis, a salvação, o Éden perdido de M., e isso era tão puro e bonito que a feiúra de um mundo inteiro não ofuscava os brilhos do sol que eram aqueles-dois-em-um-só. Sim, pois a metade da alma de cada uma estava no outro, "dimidium animae meae", assim eles se chamavam, metade da minha alma, e eram sinceras palavras quando ditas, ou escritas. Pois sempre existiam cartas para serem entregues e lidas, e sempre muita coisa para trocar, de beijos até as carícias mais obscenas, e nunca nem mesmo isso era mundano.

Mas eis que os ventos batem, os amantes se separam, o tempo passa.

Um dia eis que em uma rua qualquer se encontram - e os segundos que duram aquela eternidade do reconhecimento são apenas um momento - e fogem um do outro. Correm como loucos, e sentem medo, mas também sentem desejo, e aumenta a vontade de ali mesmo se entregarem ao Grande Excesso, e ficam correndo com esta contradição por dentro, parece que vão tomar coragem e enfim fazer o que deveriam ter feito.

Mas só o que conseguem é correr mais depressa e ir cada vez mais longe. Para sempre.

6.08.2007

As coisas que os amantes dizem


E no sonoro toque do celular de M. existia, desde a viagem, algo que arremessava aquele homem na tensão de uma alegria quase indecente. Sim, pois agora bastava o celular tocar para que os olhos de M. se abrissem mais que tudo, retinas feitas de expectativa, a mirar o minúsculo aparelho - e se ali encontrasse o número que sempre esperava, M. chegava perto daquela tola felicidade que todos sentimos na infância e que os anos acabam por tornar apenas uma lembrança.

Tudo isso soa ridículo. Mas assim são todas as histórias dos casais separados, elas só são belas para quem as vive, os olhos que de fora olham apenas podem julgar estes excessos de sentimentalismo como tolice de folhetim, peço licença para lembrar desta bonita palavra, tolice de folhetim, hoje não existem mais folhetins, temos ao nosso lado as novelas das oito, e das sete, e das seis, e outras que passam bem tarde, e tanta repetição de histórias perfumadas de enamorados, e tantas contas para pagar, e tantas Paulistas e Farias Limas paradas, e tantos metrôs infectados de gente que só lembramos de afetos quando topamos com anúncios de dia dos namorados, eis aí um efeito curioso da propaganda, até mesmo os mais truculentos mandam flores para suas companheiras nos 12 de junho, e talvez ensaiem alguma espécie de carinho naquela face agradecida, um leve e sem jeito roçar de dedos na bochecha, gesto que M. fez na face dela antes da despedida fatal, ela talvez não se lembre mas para M. aquele foi o último toque, o último sentir perto aquela presença já tão distante, e preservava aquela migalha de tempo com o cuidado e respeito que só merecem as divindades.

Será uma separação definitiva - assim M. dizia de si para si, como uma afirmação, será para sempre, e às vezes a afirmação era repetida como pergunta, será uma separação definitiva, incrível como a voz pode produzir a certeza e a dúvida usando as mesmas palavras. Para M. oscilar entre as duas era mais que um inferno, afinal S. fora para muito longe, não sei quando, e nem se volto, ela disse. Se M. pudesse a trancaria em seu quarto para nunca mais saírem de lá, já tinha falado disso certa vez, ela tomara como uma brincadeira, mas agora M. sentiu uma fisgadinha de arrependimento, deveria tê-la apenas raptado, maníaco, louco, todos diriam, mas livre da incerteza. Mas nem ele mesmo levava a sério este plano, o que mais admirava em S. logo após as curvas e o sabor semidemoníacos de seu corpo era a liberdade de espírito, o desejo de alçar vôos longe da terra natal e no distante além fazer uma nova vida. Incentivara e apoiara cada centímetro daquela viagem, foram até juntos comprar as malas, duas malas grandes e cheias de insolência, levarei S. para longe de você, pareciam dizer. Juntos eles colocaram nas abusadas malas blusas, camisetas e calças, dobradas uma por uma, entre conversas que nunca terminavam, não posso esquecer minha maquiagem, S. sempre tão preocupada com miudezas. Ele quis dizer coisas bonitas, ir além daquelas bobagens todas que os namorados se falam quando estão sós e nus estendidos e suados na cama, mas apenas repetiu as bobagens mais repetidas e bobas, e até sentiu vergonha de não saber versos, vergonha deveria ter sentido de dizer em sussurros o que todos os casais sempre dizem.

Egoísmo sem fim seria se colocasse moleza nos gestos, ou se distante ouvisse os medos de S. perante a viagem, M. queria era que tudo desse certo e no fim foi isso que aconteceu. Tanto que quando aquele coração de mulher tremia na incerteza, M. também quebrava completamente, mas arremessava a sua voz como pura confiança, a custo da morte do pessimista que vivia lá em seu íntimo. Sim, era uma mentira, algum mais apressado diria, mas ele nunca inventara facilidades e paisagens cor-de-rosa, só queria preparar a fúria que S. para ele sempre teve, e que jazia adormecida, apenas a esperar os desafios que a vida ingratamente distribui para despertar. Assim no aeroporto a abraçara mais forte do que jamais tinha abraçado e entre despedidas disse "Força!", era uma palavra horrível de se dizer - dissesse eu te amo, ou te adoro, morrerei de saudades, mas não força, alegaria um poeta da pieguice, mas para M. nenhuma palavra outra valeria a pena ser dita, queria ver S. voar ainda mais alto, mesmo que para longe de sua vista, mesmo que nunca mais possa cingi-la pela cintura e levantá-la e assim ir caminhando para o quarto, para onde você tá me levando, ela sempre perguntava rindo com sabor de malícia. Dizer força assim, em uma despedida que não se quer, onde dois que eram um são feitos dois novamente e jogados para longe um do outro, era para S. algo mesmo incompreensível, mas nas primeiras dificuldades no novo cotidiano ela soube, repentinamente, tudo o que M. quis significar quando pronunciou aquela palavra esquisita, e achou que seria bom tê-lo por perto novamente, senti-lo quente e com uma intensidade quase violenta, S. chegou a suspirar ao pensar nisso, e desejou aquelas longas conversas, aquele adormecer juntos sem a pressa de um vôo, apenas perder-se entre cobertores que cheiram sono, e quis então ela e M. livres, absolutamente livres, distantes da crueldade das grandes partidas, de toques de celular que amedrontam os corações, de qualquer coisa que faça em pedaços aqueles dias que não saem da sua memória e que jamais deveriam acabar.

5.09.2007

Abraços de um sem fim

M. andou por muitas horas. Era sua terapia quando estava ansioso. Comprou para ela um lindo colar que há tempos prometera. Nem pensou em embrulhar: colocou no bolso da bermuda e fez o caminho de volta. Tinha ido muito longe, o caminho de volta seria fatigante. Mas era um daqueles dias onde fazemos coisas idiotas, e M. sabia disso mais que ninguém. Por que dar um presente desses quando tudo agora é cinzas, pensou. Era uma pergunta importante, mas M. sabia que a resposta poderia ser qualquer uma, até mesmo uma resposta dada em forma de engano: saudade, desejo de criar uma fantasia, dívida com o passado que insiste em voltar. Ela nunca acreditara nele mesmo. Se não acreditasse na sinceridade daquele presente, era apenas mais uma incredulidade de mulher. Afinal, ele era um homem, e segundo o catecismo feminino homens são seres que mentem usando palavras cobertas com açúcar. Saber que ela pensava assim o fazia sofrer, e ela, quietinha, também ao seu modo sofria. Mas quando M. mirava aqueles olhos cheios de brilho e falava "gosto de você, menina", a sua alma era só emoção e nas suas palavras só existia verdade. E era a verdade deste sentimento que o fazia mexer no bolso da bermuda e apalpar o colar. Ansioso como nunca, ia mais rápido para a casa dela. Queria entregar o presente, queria beijá-la mais uma vez, sentir o calor de um abraço que já conhecia, mesmo que fosse para nunca mais. Era um dia comum em São Paulo, com seu ar tórrido de rush e buzinas e gente cheirando a estresse - mas graças à ansiedade de M. as avenidas eram como corredores de um sonho e as pessoas desfilavam em harmonia abrindo-se em seu caminho. E na casa dela, M. tira o colar do bolso e mostra cheio de orgulho. Demorou pra achar um do jeito que você falou, mas enfim encontrei. Ela agradece, voz baixinha, misturando um pouco de timidez com uma dose generosa de alegria. Aproximam-se, pé ante pé, parece que vão se beijar pela primeira vez, assim é o beijo dos apaixonados, carregam os mistérios de Vênus na tensão que o antecede. Mas enfim não se beijam, apenas se abraçam, e é um abraço que parece poesia, o rosto de M. mergulhado no perfume dos cabelos dela, e a face de menina-mulher brilhando feliz ao sentir o másculo amplexo. Minutos infinitos eles ficam ali, absolvidos na emoção do reencontro, afogados no momento que querem a todo custo reter e fazer gelar, e sabem que não vão conseguir, que terão que se soltar e encarar-se; e a vida, que em momentos atrás parecia um sonho vivido, vai esbofetear o rosto destes dois apaixonados e fazê-los acordar. Mas até lá, M. ficará mergulhado naqueles olhos feitos do mais doce brilho, e vai dizer novamente “gosto de você, menina” - e ela, desta vez, vai acreditar.