Passei o dia preparando as resenhas para o anuário de fanzines da UGRA e uma das leituras mais interessantes que encontrei foi o zine Spell Work. Especialmente, uma entrevista com o Glauco Mattoso, esse degenerado poeta amante de pés. Reproduzo a seguir um dos trechos da entrevista e deixo o convite para que vocês conheçam esse zine.
Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens
11.15.2010
9.30.2008
de la polifonía del que siempre suele decirlo todo antes que yo

Soledades
Ellos tienen razón
esa felicidad
al menos con mayúscula
no existe
ah pero si existiera con minúscula
seria semejante a nuestra breve
presoledad
después de la alegría viene la soledad
después de la plenitud viene la soledad
después del amor viene la soledad
ya se que es una pobre deformación
pero lo cierto es que en ese durable minuto
uno se siente
solo en el mundo
sin asideros
sin pretextos
sin abrazos
sin rencores
sin las cosas que unen o separan
y en esa sola manera de estar solo
ni siquiera uno se apiada de uno mismo
los datos objetivos son como sigue
hay diez centímetros de silencio
entre tus manos y mis manos
una frontera de palabras no dichas
entre tus labios y mis labios
y algo que brilla así de triste
entre tus ojos y mis ojos
claro que la soledad no viene sola
si se mira por sobre el hombro mustio
de nuestras soledades
se vera un largo y compacto imposible
un sencillo respeto por terceros o cuartos
ese percance de ser buenagente
después de la alegría
después de la plenitud
después del amor
viene la soledad
conforme
pero que vendrá después
de la soledad
a veces no me siento
tan solo
si imagino
mejor dicho si sé
que mas allá de mi soledad
y de la tuya
otra vez estás vos
aunque sea preguntándote a solas
que vendrá después
de la soledad.
Mario Benedetti, poeta, contista e ensaísta uruguaio nascido em Paso de los Toros, em 14 de setembro de 1920. Sua extensa obra foi traduzida em mais de 20 idiomas diferentes. No Brasil, seus livros são encontrados com razoável facilidade.
2.21.2008
Absinthia Taetra

"Green changed to white, emerald to an opal: nothing was changed. The man let the water trickle gently into his glass, and as the green clouded, a mist fell from his mind. Then he drank opaline. Memories and terrors beset him. The past tore after him like a panther and through the blackness of the present he saw the luminous tiger eyes of the things to be. But he drank opaline. And that obscure night of the soul, and the valley of humiliation, through which he stumbled were forgotten. He saw blue vistas of undiscovered countries, high prospects and a quiet, caressing sea. The past shed its perfume over him, today held his hand as it were a little child, and to-morrow shone like a white star: nothing was changed. He drank opaline. The man had known the obscure night of the soul, and lay even now in the valley of humiliation; and the tiger menace of the things to be was red in the skies. But for a little while he had forgotten. Green changed to white, emerald to an opal: nothing was changed."
Este texto é de autoria do poeta inglês Ernest Dowson (1867-1900), cuja obra em geral é associada ao Decadentismo de autores como Baudelaire, Guy de Maupassant e Lautréamont. Curiosamente, a ele cheguei não pela via literária, mas musical: o texto acima foi base de uma composição na obra-prima "Absinthe - Le Folie Verte", produção conjunta dos grupos Blood Axis e Les Joyaux de la Princesse.
O tema, como claro está, é o absinto. Bebida dos poetas, dos artistas e boêmios do XIX, em especial na França, seus efeitos alucinógenos eram tidos como a mais sublime das inspirações, capazes de elevar o intelecto para além das barreiras do normal, de permitir a criação em sua forma mais intensa e voraz. O pequeno texto de Dowson pretende, justamente, transformar em literatura o estado espiritual provocado pela ingestão do absinto. E não apenas os artistas, mas também a burguesia e as camadas mais pobres consumiam a Fada Verde - o consagrado epíteto que ganhou devido a sua coloração - a ponto de, em 1910, registrar-se na França o consumo anual de 36 milhões de litros de absinto. ver verbete na Wikipedia a respeito

Baixe a música Absinthia Taetra.
Veja a imagem original do quadro de Albert Maignan que ilustra este post.
Mais telas inspiradas no absinto de V. Oliva, Edgard Degas e Edouard Manet.
Veja filmes mudos do século XIX que falaram sobre o absinto.
10.09.2007
Poesia

Há um restolhal, onde cai uma chuva negra.
Há uma árvore marrom;ali solitária.
Há um vento sibilante, que rodeia cabanas vazias.
Como é triste o entardecer
Passando pela aldeia
A terra órfã recolhe ainda raras espigas.
Seus olhos arregalam-se redondos e dourados no crepúsculo,
E seu colo espera o noivo divino.
Na volta
Os pastores acharam o doce corpo
Apodrecido no espinheiro.
Sou uma sombra distante de lugarejos escuros.
O silêncio de Deus
Bebi na fonte do bosque.
Na minha testa pisa metal frio
Aranhas procuram meu coração.
Há uma luz, que se apaga na minha boca.
À noite encontrei-me num pântano,
Pleno de lixo e pó das estrelas.
Na avelãzeira
Soaram de novo anjos cristalinos.
(TRAKL, Georg. De Profundis. Tradução de Claudia Cavalcanti, Iluminuras, São Paulo, 1994.)
Leia mais sobre Georg Trakl.
8.26.2007
Walt Whitman
Assinar:
Postagens (Atom)